Aos dezanove (19) dias do mês de Outubro de 2021 a AMPROCS lança o relatório final da consultoria sobre “O Perfil dos Media na Guiné-Bissau”
A associação de Mulheres Profissionais da Comunicação Social (AMPROCS) em colaboração com os membros do consórcio, em particular, a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) lançou do relatório final da consultoria sobre “O Perfil dos Media na Guiné-Bissau”.
O estudo revela as vicissitudes que afetam os órgãos da comunicação social guineense em várias vertentes.
Na ocasião, a Presidente da Associação das Mulheres Profissionais dos Órgãos da Comunicação Social, Paula Melo, reafirmou que a percentagem da representatividade feminina nos diferentes órgãos de comunicação social guineense continua a ser baixa, contudo existe frequentes debates sobre a equidade de género no país.
“Segundo o presente estudo, o índice percentual das mulheres na imprensa guineense não ultrapassa 22%, e foi possível identificar mulheres líderes em apenas dois órgãos privados, nomeadamente: Rádio Mulher de Bafatá e Rádio Nossa em Bissau, dados que refletem a posição irrelevante das mulheres nos media guineense”, sublinhou Paula Melo.
De acordo com a presidente da AMPROCS, o estudo confirma também que cerca 89% dos profissionais da imprensa guineense sobretudo dos órgãos privados e comunitários recebem, mensalmente, menos de 100 mil francos CFA, o que para ela coloca em causa os princípios da independência e da objetividade no jornalismo guineense.
Paula Melo foi ainda mais longe, anunciando que dados do estudo mostram que quase 71% dos jornalistas não têm contratos de trabalho formalizados e nem tão pouco estão inscritos no sistema de segurança social.
Perante tais cenários, ficou a promessa de que a AMPROCS, enquanto organização que defende os direitos das profissionais da CS irá trabalhar no sentido de inverter a presente situação por que passam as profissionais da imprensa guineense e consequentemente contribuir para elevar os seus níveis profissionais.
E também uma chamada de atenção as autoridades nacionais no sentido de assumirem as suas responsabilidades em termos da garantia de segurança dos profissionais da imprensa bem como trabalhar para melhoria de condições dos órgãos, mediante programas de subvenção.
Presente no ato de apresentação pública do relatório final sobre “O Perfil dos Media na Guiné-Bissau”, o Embaixador de Portugal na Guiné-Bissau, José Caroço, considerou pertinente e oportuno o estudo ora apresentado e manifestou por outro lado a necessidade de continuar com as parcerias de género.
Características dos Media Guineense
Além de apontar a falta da independência financeira por parte dos fazedores da notícia e a falta de subvenção aos órgãos por parte de estado como um dos males que afetam a imprensa guineense, Ivanildo Bodjam, consultor e autor do referido estudo afirmou que mais de 90% dos órgãos de imprensa estão a funcionar nos edifícios alugados.
Para o consultor Bodjam, hoje em dia, não existe grande atração dos produtos produzidos pelos media de massa guineense por razões da proliferação dos media online que hoje estão colocando em maus lençóis os meios de comunicação tradicionais em termos de rendimentos financeiro.
Com base nos resultados do estudo o consultor, assegurou que o jornalismo na Guiné-Bissau está em crise motivada pela interferência política que em vários casos gera a censura e autocensura na informação.
Espera-se que o referido estudo venha a ajudar na resolução de necessidades futuras com vista a transformar a panorama dos media na Guiné-Bissau.
A par desta cerimónia, também foi inaugurado um Centro de Estudo na Casa dos Direitos
Após o ato da inauguração do centro de estudo, o Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos na sua alocução à imprensa, assegurou que o centro vai permitir os visitantes da casa criar o hábito de leitura e proporcionar-lhes ferramentas para que efetivamente possam desenvolver os seus trabalhos de pesquisa.
Nesta senda, a LGDH manifesta a sua gratidão para com a Cooperação portuguesa, instituição que contribuiu para que esta incitava seja uma realidade.
Para o embaixador de Portugal na Guiné-Bissau é incomensurável a abnegação do voluntariado de todos que contribuíram na realização do projeto e assegurou por outro lado que o centro vai permitir a sociedade guineense aprofundar a temática dos direitos humanos.