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Estação de rádio atacada por homens armados em uniforme

Fundação dos Média para a África Ocidental (MFWA) condena veementemente o ataque armado à estação de rádio privada Rádio Capital FM, sediada em Bissau, e exige investigações rigorosas sobre o incidente.

No dia 7 de fevereiro de 2022, por volta das 10 horas da manhã, um grupo de homens em uniforme militar invadiram a estação de rádio e reduziram as instalações a destroços. Disparando indiscriminadamente para assustar os funcionários, os agressores encapuzados invadiram os estúdios da estação de rádio e destruíram todos os equipamentos à vista; móveis, consolas, computadores, misturadores e transmissores.

Figura 1 – Ansumane Só foi tratado por um braço fraturado após o ataque.

Três jornalistas também ficaram feridos. Um deles, Ansumane Só, foi levado às pressas para o Hospital Militar em Bissau para tratamento de um braço fraturado. Os outros são Maimuna Bari e Bala Sambú. Maimuna Bari está atualmente em coma. Os médicos afirmam que sua condição é crítica, tendo sofrido lesões nas costelas e na coluna após uma queda de quatro metros.

Outros funcionários que sofreram ferimentos ao tentar escapar do ataque são Lassana Djassi, Bakar Kuiaté e Alssene Kandé.

O ataque ocorre seis dias após uma tentativa de golpe fracassada que tirou a vida de uma dúzia de pessoas no palácio presidencial, onde o Gabinete estava em sessão. A Rádio Capital é uma organização de media altamente crítica, percebida como contra o governo atual. Esta é a segunda vez em menos de dois anos que a estação é atacada por homens não identificados em uniforme.

No dia 26 de julho de 2020, um grupo de homens armados em uniforme policial invadiram a estação e destruiram seu equipamento. Apesar do Ministro do Interior, Botché Candé, ter visitado a estação após o ataque e garantido à administração investigações rigorosas, nada aconteceu.

Cerca de duas semanas após o incidente, trinta estações de rádio em todo o país suspenderam a transmissão por 24 horas em solidariedade à Rádio Capital FM e para exigir ação das autoridades.

Figura 2 Estojos de balas deixados após os tiros dos militares armados.

O diretor executivo da Rádio Capital FM, Lassana Cassamá, lamentou: “Eles destruíram a rádio novamente”, em aparente referência ao ataque de julho de 2020.

Sumba Nansil, chefe de treinamento e capacitação da Rádio Capital, disse à MFWA que o último ataque foi incentivado pela falta de responsabilização pelo anterior. No entanto, a estação relatou o incidente à polícia. A polícia foi à estação para avaliar a extensão dos danos causados.

Enquanto isso, o Ministério do Interior negou alegações do envolvimento do governo no ataque. Falando em uma coletiva de imprensa horas após o incidente, o Comissário Adjunto para a Ordem Pública no Ministério, Salvador Soares, também rejeitou alegações de que o governo perdeu o controle da lei e da ordem.

“A situação já está calma e as pessoas podem voltar às suas vidas diárias”, assegurou o funcionário do governo, acrescentando que o ataque foi um “incidente isolado”.

Diamantino Lopes, jornalista do SINJOTECS, parceiro nacional da MFWA na Guiné-Bissau, disse à MFWA que “não há razões legais para esta invasão por homens armados. É simplesmente um abuso de poder. Não se pode atacar uma rádio, simplesmente porque se discorda da sua linha editorial”, acrescentou.

Uma delegação do SINJOTECS visitou as instalações para condenar o ataque e expressar solidariedade ao órgão de comunicação. Fátima Tchuma Camará, vice-presidente do SINJOTECS, descreveu este ataque como uma “tentativa de silenciar a Rádio Capital FM”. Ela acrescentou que as pessoas sempre podem recorrer aos tribunais se tiverem alguma discordância com uma rádio, em vez de atacar e saquear as instalações de uma rádio.

A MFWA está profundamente preocupada com o ataque à Radio Capital, que se vem juntar ao clima de insegurança criado pela tentativa de golpe de Estado de 1 de fevereiro de 2022. Este ataque covarde, que visa intimidar o órgão de comunicação social, não pode ser tolerado em nenhuma sociedade democrática. A MFWA espera que as autoridades militares estejam igualmente preocupadas com o incidente, especialmente porque os perpetradores estariam vestidos com uniforme militar. Apelamos ao governo para que se redima em relação ao seu fracasso em desvendar o anterior ataque à rádio Capital, atuando pronta e decisivamente desta vez para prender e punir os culpados.

ESTATUTO DA AMPROCS, GUINÉ-BISSAU

Associação das Mulheres Profissionais da Comunicação Social na Guiné-Bissau (AMPROCS),...

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