- Um workshop de formação de dois dias convocado pelos principais atores de media selecionados na Guiné-Bissau para capacitar jornalistas a praticar um jornalismo ético, transparente e responsável, terminou com os participantes a comprometerem-se a intensificar a instilação da ética no trabalho da media.
Os treinamentos, que foram organizados pelo Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (SINJOTECS), pela Organização dos Jornalistas da Guiné-Bissau (OJGB), pela Associação das Mulheres Profissionais da Comunicação Social (AMPROCS) e pela Rede Nacional das Rádios e Televisões Comunitárias (RENARC), em colaboração com a Media Foundation for West Africa (MFWA), estavam sob o lema “Formação de Monitorização e Relato das Violações de Éticas na Media da Guiné-Bissau”.
O evento ocorreu nos dias 14 e 15 de março de 2024, no Malaika Hotel, em Bissau.
Esta iniciativa, que faz parte do programa “Promover a Liberdade dos Media e Acesso à Informação de Qualidade na Guiné-Bissau” da MFWA, e que está a ser implementada com o apoio financeiro da União Europeia, beneficiou mais de 20 profissionais da comunicação social. O objetivo principal foi capacitar os participantes a monitorar e relatar violações de ética na media do país, e reportá-las trimestralmente.
Cerimônia de Abertura
O programa reuniu intervenientes da comunicação social de toda a Guiné-Bissau. Em um discurso de boas-vindas, o Diretor-Geral do Ministério da Comunicação Social, Emerson Gomes, afirmou que o treinamento foi muito útil e oportuno para capacitar os profissionais da comunicação social a serem éticos.
“O Ministério da Comunicação Social defende a continuidade da formação aprofundada em ética para os profissionais da comunicação social, com o objetivo de prevenir incidentes de reportagens antiéticas. O objetivo não é apenas lidar com incidentes antiéticos, mas também discutir o papel da nossa imprensa na construção de um estado democrático e legal,” acrescentou.
Outros dignitários presentes na cerimônia de abertura foram o Sr. Carlos Abaitua Zarza, que representou a Delegação da União Europeia na Guiné-Bissau, o Sr. Bubacar Turé, Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), o Sr. Domingos Meta Camara, Presidente Interino do Conselho Nacional da Comunicação Social e a Sra. Indira Correia Baldé, Presidente do SINJOTECS e parceira nacional da MFWA.
“A Comunicação Social desempenha um papel crucial em sociedades democráticas, fornecendo informações que são do interesse público,” enfatizou o Sr. Carlos Abaitua Zarza, acrescentando: “Portanto, preservar a liberdade para receber e transmitir informações sem interferências deve permanecer um valor fundamental.”
Treinamentos
Os treinamentos foram conduzidos por Nuno Andrade Ferreira, um especialista na área. Ele foi muito prático e envolvente. Ao longo do evento de dois dias, os participantes foram instruídos tanto teoricamente quanto praticamente sobre reportagem ética. A formação no primeiro dia centrou-se nos conceitos de ética na media e no Código Deontológico dos Jornalistas da Guiné-Bissau, com exercícios práticos destinados a aumentar a compreensão dos participantes destes princípios e identificar conteúdos e práticas exemplares e problemáticos na media.
O segundo dia concentrou-se na monitorização das violações de ética, na exploração de estratégias de monitorização e no uso do Instrumento de Monitorização de Ética Jornalística desenvolvida pelo treinador, para registrar violações.
“A manutenção dos padrões éticos e deontológicos no jornalismo não se trata apenas de promover o pluralismo, mas também de reconhecer o delicado equilíbrio entre a liberdade de imprensa e os direitos dos cidadãos. Isso exige que os jornalistas naveguem pelas complexidades da reportagem enquanto defendem os princípios da comunicação social,” disse o Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Bubacar Turé.
Indira Correia Balde, Presidente do SINJOTECS, guiou os participantes pelo processo de monitorização, enfatizando a importância da vigilância na manutenção dos padrões éticos no jornalismo.
Intervenção dos participantes
Os participantes demonstraram compromisso em aplicar o conhecimento adquirido em suas atividades profissionais, reconhecendo a ética como uma ferramenta indispensável para garantir a credibilidade e a confiança do público na imprensa.
“Isto não se trata apenas de aprender valores; trata-se de aprimorar nossas habilidades profissionais para entregar mensagens impactantes ao público todos os dias,” afirmou Fatumata Binta Candé, Diretora da Rádio Mulher de Bafatá.
Da mesma forma, Aguinaldo Ampa, Diretor da Rádio Jovem, disse que “Mesmo sem treinamento formal, a ética deve ser nosso princípio orientador [como profissionais da comunicação social]. Este workshop de treinamento serviu como um poderoso lembrete de que a ética é a espinha dorsal de uma comunicação eficaz. Sem ela, nosso conteúdo carece de integridade.”